LAÇOS DE TODOS OS TIPOS
Quem
já viu um touro bravio na cincha de um alazão, dando marradas em todas
as direções, sabe quanta resistência tem um laço para escorar os golpes
brutais desferidos em cada milímetro de suas fibras!
O
bicho esbraveja, corcoveia e sai aos pinchos como um bólido errante. O
cavalo adestrado retesa o passo e espera o golpe. O laço distende-se,
assobia, vibrando no ar, e o baque surdo da fera, além, levanta nuvens
de pó. Depois de inúmeras tentativas para escapar da tira maldita, o
animal entrega os pontos. Compreende afinal que é inútil lutar contra um
fio tão fabulosamente resistente. Mal sabe o bruto que aquele cordão
diabólico que o prende tão fortemente é tecido com a pele de seus
irmãos.
O laço do diabo a que me refiro, não é este de couro cru que tenho aqui sobre o arquivo.
Para
laçar homens inteligentes, bem o sabe Satanás, são necessários laços
mais traiçoeiros, fabricados com artimanha nas profundezas do « inferno
».
Como
o rei dos fabricantes de laços, o diabo é perito em confeccionar um
tipo para cada gosto e uma armadilha para cada espécime.
Há laços sutis, aparentemente frágeis como teias de aranha, que arrastam para os vícios . . .
Há outros, especialmente tecidos, de púrpura escarlate para cin-char os ambiciosos e prendê-los no tronco das ilusões do mundo.
Há
laços perfumados, entretecidos com as cores do arco-íris, para golpear
os vaidosos, arrastando-os para longe da simplicidade do Evangelho.
Laços
há, que são rústicos, grosseiros como a infâmia, para afugentar os
corações sensíveis. Outros, tecidos com línguas afiadas para fustigar os
irmãos.
Há laços finos, transparentes como a mentira; outros leves e macios como a ociosidade, que subjugam a consciência.
Há
laços de ferro, como os que são usados para prender o avarento, e laços
de ouro para seduzir os cobiçosos. Laços trançados com o vil metal, que
conduzem ao roubo e à infidelidade nos dízimos e nas ofertas.
Laços
belos, reluzentes, para laçar a juventude inexperiente, e laços de
trapos podres para atar os velhos às suas quinquilharias.
Há
laços de doutrinas humanas entretecidos com fios da verdade, para
enganar os indoutos e inconstantes, e laços corrediços para prender os
tolos, os imprudentes.
Há
laços feitos de olhares lânguidos, sedutores, para jungir os incautos a
jugos desiguais. Outros, tramados com palavras lisonjeiras,
bajuladoras, para atiçar o orgulho dos pretensiosos.
Há
laços compostos de dor e amarguras para anuviar o horizonte dos que
aguardam pelo Senhor, e laços tecidos com festanças e distrações para
fisgar os libertinos.
Há laços armados às portas dos cinemas, para sugar as mentes desocupadas, e laços no vídeo para enovelar os corações vazios.
Há laços de família que amarram jovens idealistas, e laços de independências que assassinam os pais.
Há laços de amizades que fundem "panelinhas", para cozinhar venenos, e laços de intrigas que separam amigos.
Há laços de interesses particulares que conduzem para o "side-line," e laços de amor ao trabalho que levam ao esgotamento.
Há laços feitos do excesso de planejamento, que amarram a Obra de Deus; e laços de relaxamento, que tendem para o marasmo.
Há laços curtidos de pretensões para pealar os invejosos, e laços de ilusões para embalar os preguiçosos.
Existem
laços longos, compridos, feitos de sermões velhos, bolorentos, para
adormecer os fiéis; e outros curtos, frívolos, para divertir os
levianos.
Há laços de formalismos para estagnar o crescimento da fé, e laços de extremismos para satisfazer os fanáticos.
Há laços de indiferença para cegar os incrédulos, e laços de amor ao mundo que suplantam o amor a Deus.
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